Em memória da memória, hoje sentamo-nos com Márcio Carvalho.Oriundo de uma família multirracial constituída por angolanos e portugueses, com seis gerações nascidas em Angola, Márcio Carvalho nasceu em 1981 já em Lagos, Portugal. É artista visual, curador de arte contemporânea, ilustrador e vive atualmente entre Berlim e Portugal.O seu trabalho, recorrendo a diferentes suportes e linguagens, situa-se nas interseções entre a memória individual e a memória coletiva, entre poder e silêncio, entre lembrar e esquecer. “If my grandmother was a historian / Se a minha avó fosse historiadora” propõe-se pensar no que significa contar a história a partir de outros sujeitos, outras vozes, outras geografias e de outras disciplinas, e sobre o que esse gesto pode trazer de distinto aos movimentos de interpelação do passado e do presente.Muitos dos seus trabalhos desafiam a memória celebratória associada a estátuas, toponímia e monumentos coloniais que ainda povoam muitas cidades europeias, e localidades um pouco por todo o mundo. Poder-se-ia dizer que as suas obras são, nessa medida, uma espécie de contra-monumento, desafiando narrativas dominantes e até a ideia do monumento e do arquivo como espaços estáticos e fixos. Em “Falling Thrones”, uma série de imagens que integrou a exposição Europa Oxalá, encontramos justapostas imagens a preto e branco de figuras do poder colonial como o rei Leopoldo da Bélgica, com as figuras coloridas de atletas negros que se destacaram também como militantes anticoloniais, num conflito de distintos corpos, experiências, memórias e heranças.Sobre tudo isso nos falará hoje no Em Memória da Memória, um podcast do projeto MAPS.A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.