O relatório identifica os usos dos Processos Administrativos Disciplinares, os instrumentos de apuração de faltas dentro das unidades prisionais, como formas de criminalização e recriminalização das pessoas LGBTQIA+ privadas de liberdade. A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Clínica de Direitos Humanos (CDH/UFMG), no projeto Transpasse, a partir da lista de pessoas privadas de liberdade disponibilizada pela Defensoria Pública de Minas Gerais, visando articular ações ao redor da Recomendação nº 62 do CNJ e Resolução conjunta nº 19 do TJMG, que buscavam mitigar o avanço da COVID-19 dentro do sistema carcerário. A partir da análise e sistematização dos 236 processos judiciais eletrônicos, foram localizados 140 Procedimentos Administrativos Disciplinares entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de março de 2020. Revisamos os dados para verificar a validade dos valores coletados, erros de preenchimento e possíveis relações entre as variáveis. A pesquisa, de caráter qualitativo, realizou a análise descritiva deste material, em categorias criadas a partir do preenchimento dos documentos pelos agentes prisionais. Discutimos sobre o conteúdo dos processos a partir da legislação vigente, e selecionamos alguns casos para exemplificar os usos do PAD como instrumento de criminalização e recriminalização do gênero. A reprodução destes dados foi feita de maneira à preservar o sigilo, a integridade física e moral dos sujeitos acautelados pelo estado.