Nematomorpha, comumente conhecidos como vermes-crina-de-cavalo ou gordiáceos, constituem um filo de vermes longos e delgados que mantém uma relação parasitária com artrópodes. No Brasil, esses organismos apresentam ainda uma diversidade pouco conhecida, com espécies vivendo em habitats marinhos e de água doce. Apenas sete espécies foram registradas com hospedeiros conhecidos. Esses registros brasileiros estão distribuídos em 10 estados, sendo que Minas Gerais se destaca com o maior número de registros (Carvalho, 1942, 1944, 1946, Carvalho; Feio, 1950), um legado atribuído ao proeminente zoólogo brasileiro, Dr. José Candido M. Carvalho. Este levantamento marca o primeiro inventário abrangente de espécies de Nematomorpha descritas para o Brasil. Os Nematomorpha apresentam um ciclo de vida interessante que envolve parasitismo obrigatório em artrópodes aquáticos durante sua fase larval. Esse ciclo envolve a infecção de hospedeiros aquáticos (paratênicos) por ingestão passiva. No entanto, é importante notar que certas espécies também são capazes de formar cistos livres ou infectar hospedeiros finais diretamente. As larvas dos gordiáceos se desenvolvem dentro dos hospedeiros definitivos, principalmente grilos, gafanhotos, louva-a-deus ou baratas, e emergem posteriormente na água quando esses hospedeiros são induzidos a entrar no ambiente aquático. Isso permite que o parasito emerja e faça a transição para adultos de vida livre, que não se alimentam. Esse ciclo complexo tem implicações significativas para a ecologia dos ecossistemas de água doce, influenciando as populações de insetos e suas interações com outros organismos. O ciclo de vida único e a diversidade de Nematomorpha no Brasil oferecem uma grande oportunidade para o estudo da ecologia e a evolução desses organismos em um contexto Neotropical. No entanto, apesar de sua importância ecológica, no Brasil, os membros de Nematomorpha ainda são pouco estudados em muitos aspectos. Pesquisas adicionais são necessárias para elucidar melhor sua diversidade, distribuição e papel nos ecossistemas aquáticos brasileiros, o que pode ter implicações significativas para a conservação da biodiversidade e a gestão de recursos hídricos.
A Lista de gordiáceos do Brasil foi organizada por meio dos esforços do Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil (CTFB), iniciado em 2015. Antes dessa iniciativa, havia apenas uma estimativa de 12 espécies desse filo no país (Lewinshon; Prado, 2005). Quando o projeto começou, esse grupo t...