Resumo Desde março de 2020, o Brasil e todo o resto do mundo têm enfrentado os desafios sanitários, humanitários e econômicos que acompanham a pandemia da COVID-19. Entre as várias consequências da crise do coronavírus, observa-se o ganho de peso e elevado risco de obesidade dos indivíduos. Em resposta a isso, boa parte da comunidade de saúde tem defendido diversas intervenções paternalistas com base na conjectura de que as pessoas não conseguem fazer escolhas de dietas alinhadas com os seus melhores interesses. O objetivo deste artigo é oferecer uma breve revisão da literatura de “economia da obesidade”[1] para questionar a visão segundo a qual a tributação de alimentos e bebidas oferece uma estratégia eficaz para mudar o comportamento dos indivíduos e consequentemente promover escolhas de consumo mais saudável. Para tanto, serão discutidas algumas experiências de políticas de elevação de impostos sobre bebidas e alimentos em três países – Dinamarca, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos - que revelaram ineficácia de tal tipo de intervenção governamental e resultados não pretendidos perversos. O artigo conclui com algumas lições sobre os perigos das propostas de fat tax no mundo e no Brasil durante e pós pandemia. Abstract Since March 2020, Brazil and the rest of the world have been facing a multitude of health, humanitarian and economic challenges that accompany the Covid-19 pandemic. Among the various troubling issues of the coronavirus crisis, people´s difficulties with dealing with overweight and obesity have increased and turned out a health problem of extra concern. In response to the foregoing trend, a good part of the health community has argued for some paternalistic intervention that draws on the idea that individuals do not always choose what it is in their best interests. The main goal of this article is to provide readers with a brief literature review about “the economics of obesity” to challenge the view according to which food and drink taxes are a powerful tool to change people´s behavior and promote healthier choices. To accomplish the proposed task, it embarks on a discussion of some fat tax policies implemented in the following three countries – Denmark, The United States of America and The United Arab Emirates. We go on to claim that the interventions failed to deliver what they had promised. Rather, their policies to fight obesity had brought about negative uninte...