#2 da segunda série da coluna pedagógica de acesso livre com vídeos filosóficos de curta metragem do Instituto de Estudos Filosóficos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra "Filosofia ao Minuto", produzida por uma equipa coordenada pelo Micrologus Studio.
O texto de Mário Santiago de Carvalho segue abaixo na íntegra:
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Evitemos o lugar comum daqueles filósofos que — a pergunta tão frequente — respondem não saber. Não é que esta resposta seja inútil, longe disso! Mas ousemos abrir uma clareira.
Atrelando um parvo à perna do filósofo, Gil Vicente encenou a necessidade de a filosofia carecer sempre de liberdade. Liberdade para pensar.
O facto de, por exemplo, o pensamento de Joaquim de Carvalho não coincidir com o de Vieira de Almeida faz-nos entrever que a única concordância entre filósofos é a do livre perguntar em nome próprio.
Na tradição em que cada pensador se identifica – pela sua própria condição, uma história repleta de diferença, singularidades e diafonia – habita a possibilidade da libertação do enclausuramento em que cada qual lança a pergunta que lhe é própria.
Transformando a liberdade em análise radical de um problema, tudo pode ser objeto da filosofia. A sua originalidade radica na totalidade, a sua novidade, no contexto pensante de quem pergunta. Francisco Sanches não ressurgirá nunca em Fernando Gil, tal como este jamais obliterará aquele.
A Magna Grécia, lugar originário deste já longo percurso, dizia: transforma a tua imaginação (mythos) em razão (logos). Hoje podemos responder assim: a filosofia é a livre e radical superação da pergunta que me é própria numa análise reflexiva radical e permanente, almejando a universalização possível.
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Pode aceder à página da Filosofia ao Minuto in https://www.uc.pt/fluc/uidief/publica/filmin