Pensar a metrópole como um lugar padronizador e binário, livre de ambiguidades, enquadrado pela racionalidade e frieza do dinheiro enquanto valor de troca, sufoca assim a pessoalidade e multiplicidade do urbano. Essa é uma caracterização que explica, pelo menos em partes, a aversão e marginalização que certos grupos sociais acabam sofrendo no interior das grandes cidades. O presente estudo busca desvelar a existência da drag queen como um ser que habita e ocupa a cidade, mesmo que durante a noite e em um território pouco valorizado. Conclui-se que as drags mobilizam um embaralhamento da lógica fria, calculista e delimitada da cidade em favor de uma existência híbrida, confusa e diversa, tornando-se uma ameaça potencial a racionalidade de funcionamento da cidade enquanto metrópole conforme qualifica Simmel (1979).